terça-feira, 15 de dezembro de 2015






elizabeth gadd


















e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia
al berto







há cinco anos teu corpo entregou-se à terra. foi a enterrar no cemitério da aldeia. rodeado de gente. gente boa. gente que te amava. que te sabia os dias dedicados ao terço e à magia da fé - todos os dias dezoito dezembro cresce no meu peito. a morte assalta-me e tudo em mim morre de te saber tão morta - avó. tenho saudades dos dias pequenos. da quentura da lareira com os teus joelhos perto. da cevada acabada de fazer e do cheiro a eucalipto interrompendo o inverno - nunca o frio se sentiu tanto. nunca as  saudades se demoraram assim na pele. nunca a vida fez sentido - e o medo do mundo regressa da infância para me desterrar. a vontade de ir para sempre. fazer-me margem. dizer-me longe. sentir-te perto - avó. que regresses a mim e este natal possas abraçar-me para sempre




















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