ezgi polat
A noite quando ao fim descer decerto há-de
ser certa solução. Foi há muito a infância
Ao tempo o que tu tens tu bem o sabes cede
estendo as mãos talvez te fique a inocência
A vida é uma coisa a que me habituei
adeus susto e absurdo e sobressalto e espanto
A infância é uma insignificância eu sei
e apenas por a ter perdido a amamos tanto
Estou sozinho e então converso com a noite
das palavras que nos subjugam nos submetem
As coisas passam e em vez delas é aceite
o nosso sistema de signos onde as metem
Esta minha existência assim crepuscular
devida àquela que é rastos destroços restos
acusa hoje alguma intriga consular
de quem não tem cabeça a comandar os gestos
Foi uma rosa rubra a autora desta obra
aberta e arrogante grácil flor do instante
que triunfante não há coisa que não abra
para ferir quem a viu e morrer de repente
E noite sou e sonho e dor e desespero
mero ser sórdido e ardido e encardido
mas já não tarda a abrir-se na manhã que espero
um arco com vitrais aos vendavais vedado
E embora a minha fome tenha o nome dela
e da água bebida na face passada
não peço nada à vida que a vida era ela
e que sei eu da vida sei menos que nada
ruy belo
adeus. não mais permitirei que o mundo me perturbe - ninguém. no seu estado de sítio e alarme. conseguirá interromper a minha esperança - por vezes desperto para a realidade. acordo dos sonhos para dizer ao mundo que não mais voltarei aqui - adeus. sei bem que as minhas fraquezas são as minhas forças e sem medo insisto. perturbo cada passo. com a serenidade do caminho - nenhum norte de mim desiste. de tanto se fazem os meus dias. que as noites se ausentam - inventarei outros continentes. onde ser feliz. em cada entardecer farei um ninho e em cada rosto um sorriso - adeus