quinta-feira, 21 de julho de 2016






elizabeth gadd






Walk as if you are kissing the Earth with your feet.
thích nhất hạnh







ocupar de silêncio a casa. restabelecer os limites do medo que a alma não consegue apagar. respirar. tão fundo que o tempo o escute. tão alto que o mundo me fuja - permanecer em contemplação. encontrando-me em cada ser que a natureza envia ao meu encontro. humano e não humano. sempre vivo - trago a beleza do mundo tão funda em mim. incrostada na pele. e sei que o silêncio se reproduz nos meus gestos. é por dentro de mim que a terra ganha cor. que os pés se fazem caminho. que a alegria se faz sempre - à descoberta - que nenhuma ânsia perturbe cada passo. que nenhum tempo me ocupe. quero permanecer. fundir-me na luz. voar como os pássaros. chorar como os fetos. ser - ser este silêncio enorme que me habita. para sempre. 








quarta-feira, 6 de julho de 2016




ezgi polat









A mais radical solidão,
eu, com todo o meu corpo apenas,
pela primeira vez. Eu, que sempre
levava comigo somente os olhos, primeiro,
depois, o ouvido e o tacto. Ali,
naquela câmara do absoluto, do vazio,
do amplo - amplidão que multiplicava o vazio,
atenta enfim, a um cheiro ácido,
do grande Universo invisível

fiamma hasse pais brandão






render-me às evidências e de corpo ardente lançar-me a um cometa esperando que das cinzas se faça terra - era como fechar os olhos e ouvir canções antigas. que se estreitam na pele e. silenciosas. ocupam o peito de uma vez para sempre - ainda te ouço dizer: nenhum lugar foi feito para ti. és das estrelas - que as estrelas me encontrem porque em nenhum lugar me sinto. me sento. me quieto. e inquietar-me dói quando os dias assim passam - por vezes são teus gestos que interrompem a noite para me lembrar do quanto fomos felizes. e os padrões dos teus vestidos regressam da morte à procura de luz. digo-te: bom dia - não respondes - pergunto-te porquê       - não respondes.     
|escrevo para mim. que nenhum dia me morra como tu me morreste. que nenhum mês assim fique a perturbar-me o coração. que nenhum ano nos esqueça - os silêncios já não me magoam. acostumaram-se a mim. fizeram ninho no meu peito - à data do teu aniversário escrevo sempre muito. todas as histórias. porque nenhum lugar é este onde agora existo. esperando que alguma estrela me devolva à vida