[...] descobri então, em primeiro lugar, que amar não é mudar a outra pessoa, a que julgamos ser a certa; amar não é persuadi-la a tentar alterar a sua personalidade, ao ponto de a tornarmos, intencionalmente ou casualmente, não só uma parte de nós mas um novo "nós", uma imagem criada à nossa semelhança num acto de total egocentrismo e individualismo. persuadirmos a outra pessoa a mudar não se trata somente de lhe propormos essa ideia, ainda que a proposta por si só me pareça intolerante, trata-se também de a confrontarmos com ela, tentando por outro meio atingir o mesmo objectivo: a mudança. haverão muitos meios para alcançar este objectivo assim como, certamente, outros modos, no entanto não me parece haver um meio/modo menos doloroso, tanto para nós como para a pessoa que tentamos alterar/mudar.
...
de um quase ensaio sobre um quase amor,
por margarete da silva
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