domingo, 24 de outubro de 2010












não posso, sei-o, esquecer-te. esquecer a noite azul em que partiste com as estrelas azuis ao colo. que manto cobrirá agora as noites. se ao menos as tivesses levado todas. se ao menos me tivesses levado como a uma estrela. podia agora chorar no teu colo, deixar-me cegar por uma nesga do teu cabelo. não posso não lembrar-te, sei-o. todas as palavras depois de ditas desaparecem, vão para as noites que levaste, decerto. não posso não lembrar as noites no teu rosto, sempre azuis. e as estrelas amarradas à pele da tua barriga, tão de força. tinha inventado para nós um lugar onde não houvessem dias. que a escuridão vivesse para sempre nos teus olhos. talvez aí entendesses quando eu te dizia que é difícil encontrar estrelas. talvez então percebesses que as estrelas vivem por dentro da película transparente que segura os olhos. não posso. nunca mais. não voltes. não saberia como abraçar-te agora que já sei da falta que me fazes. e se partisses de novo, quem me promete que não levarias todas as estrelas azuis de novo. porquê. sei-o. todas as noites são tuas, mesmo depois de partires, ainda cá vivem para te esperar. se tu soubesses do que conto às noites, que a escuridão é leve afinal e breve é o choro. que já não sei chorar sem as tuas mãos na minha cara. que já não sei cair sem o teu corpo. desculpa não ter chamado pelo teu nome todos os dias. não sei como dizer silêncio.











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