domingo, 21 de novembro de 2010
Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua
continuar deitado até se destruir a cama
permanecer de pé até a polícia vir
permanecer sentado até que o pai morra
Arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária
amar continuamente a posição vertical
e continuamente fazer ângulos rectos
Gritar da janela até que a vizinha ponha as mamas de fora
pôr-se nu em casa até a escultora dar o sexo
fazer gestos no café até espantar a clientela
pregar sustos nas esquinas até que uma velhinha caia
contar histórias obscenas uma noite em família
narrar um crime perfeito a um adolescente loiro
beber um copo de leite e misturar-lhe nitro-glicerina
deixar fumar um cigarro só até meio
Abrirem-se covas e esquecerem-se os dias
beber-se por um copo de oiro e sonharem-se Índias.
antónio maria lisboa
Vivo ilegalmente
na minha idade: falhei alguns aniversários.
Caminhei até onde o medo permitiu,
à beira das levadas de rega.
O meu primeiro amor foi um gafanhoto
verde, depois outros bichos pequenos.
Nunca me apaixonei no cinema
como as outras raparigas: apaixonei-me
pelo cinema.
teresa m.g. jardim
sei das amoras. sabes das amoras. nas silvas, no alto dos arbustos, atrás dos eucaliptos. as silvas no alto dos arbustos. comes as amoras. os lábios negros delas. eu sempre atenta. picam-te os braços nús, as silvas. as amoras são grandes, ficam-te presas entre os dentes. sorris.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
amoras... quando era um pouco mais puto
ResponderEliminaria às amoras de fisga no bolso de trás, de repente lembrei-me disso
um poema de metáforas belas