quinta-feira, 7 de julho de 2011








































As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada

al berto







sabes. fomos quase felizes. faltou um bocadinho de céu e o tempo. todo o tempo. tinha feito sentido. faltou só um bocadinho. às vezes ainda ouço a tua boca: regressa que amanhã é sexta-feira e as árvores vão embora. as árvores nunca foram embora. só os teus braços partiram - o corpo que foge - era tarde e fomos quase felizes. faltou à cara a insistência da boca - às vezes era como se sorrisses e ainda assim faltava aos lábios a força dos oceanos. não conheci os teus dentes - só um olhar muito tímido. medo ao futuro.talvez o mar manso - trago nos braços um mundo novo. só existe neles. tão dentro a pele o criou que não há olhos que o vejam. era para ti -







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