terça-feira, 25 de outubro de 2011



































É simples a separação.
Adeus.
Desenlaçado o último abraço, uma pressa de dar contas um ao outro.
Já não há gestos. O derradeiro (impossível) seria não desfazer o abraço.
Pressa de cada um retomar o outro na teia lenta da remembrança.
Não desfazer o abraço. Ficar face encostada ao niagara dos cabelos.
Sobram fotografias, voz no gravador, um bilhete na caixa do correio. Sobra o telefone.
Tensão - telefone. Experimentada. Sofrida.
Tensão - telefone. Possibilidade de voz não póstuma.
No gravador, voz de ontem, de anteontem. De há anos.
Sobra o telefone. Mudo.
Retininte?
Sobrarão as cartas. Sobra a espera.
Na teia lenta da remembrança, retomo-te em memória recente: na praia de ternura onde nos enrolámos e desenrolámos desesperados de separação.
Sobra a separação.

alexandre o'Neill












a avó tinha essa ternura tão sincera e pura no rosto. como não sei se haverá em outro qualquer rosto. ainda que tão bonito como o seu . a avó chama-se valentina e ri e salta e chora e espera à porta por dois braços tão grandes como os meus - desapareceu faz tempo. faz dezembro. faz dezoito desse mês onde é natal. e onde não deveria desaparecer ninguém - estou triste por isso e por outras coisas mais. que não vale a pena nomear - tenho tanto direito à tristeza como ao voo - a avó tinha esse jeito maroto de me pegar ao colo e me lançar ao ar e me deixar cair tanta vez na cama - a avó não está. a avó fica.










1 comentário:

  1. " (...)a avó não está. a avó fica." Ela sempre estará em ti e isso é só teu, porque esse amor, esse sentimento que um dia nasceu, jamais partirá...e isso, é maravilhoso.
    Um grande abraço, sincero e amigo,MC

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