sexta-feira, 9 de dezembro de 2011












lieke romeijn











Não abandono os sítios de que me fui embora,
coloquei a alma, escondida, sob cada objecto.
Continuo em Veneza com sete anos, em Berlim com quarenta,
não saí do lago do Jardim Zoológico, onde passeava,
com o meu avô, num barco com pedais.
Lembro-me dos patos, dos cisnes, de ser tão feliz,
lembro-me de tudo. Não esqueci nada, não vou esquecer nada

antónio lobo antunes








quando dezembro chega é o silêncio a romper a casa. e o teu cheiro moribundo nos armários. e o teu nome por dentro das fotografias - vou andando - já tenho vinte e quatro anos e é quase natal. bem sabes como me custam os natais - tinhas tanto tempo para o morrer. foste morrer em dezembro de lareira acesa - ninguém toca na tua roupa. desde que partiste há gavetas que ninguém abre e o teu cheiro - este natal. estejas onde estiveres. que estejas bem avó.











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