segunda-feira, 20 de agosto de 2012




aëla labbé








 Apenas uma boca. A tua boca
Apenas outra, a outra tua boca
 É Primavera e ri a tua boca
De ser Agosto já na outra boca

david mourão-ferreira








dizem que é tarde. que já não há pássaros nem estrelas e o céu anda deserto. dizem que por ti morreram todas as nuvens e a chuva se extinguiu como se extinguem os gestos quando deixam de se dar há muito tempo - tinhas um jeito manso de ser. leve como o vento. ias empurrando os dias. uns atrás dos outros. com esperança no futuro - gabo-te a paciência. há muito que deixei de acreditar. de ter esperança - sei apenas da existência do mar quando faz frio. que no tempo quente é doutra gente mais sargaceira - queria que me dissessem que está tudo bem. que o vento vai voltar. que nada acaba para sempre - 




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