domingo, 11 de novembro de 2012





laura makabresku





entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente

ruy belo





- tu sabes como se precipita a tristeza em novembro. como os pés já frios de nada fogem. como à noite não adormecem os olhos - as memórias são como os dias. alegres e tristes. pela ausência. cada vez maior. de abraços - os corpos já cá não estão para uma conversa. nem a lareira se acende. não há cevada nas canecas. nem o pão leveda - pela tarde arrasto os braços. uma ânsia de descobrir o mundo. a certeza de ver morrer o coração - a certeza de ser novembro e precipitar-se a tristeza -




quarta-feira, 7 de novembro de 2012




















laura makabresku





pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lis-
boa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no
cimo do mastro, e mandar arrear o velame.

é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem
cadastro.

a dor de todas as ruas vazias.

sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o
filme acabou. não nos conheceremos nunca.

a dor de todas as ruas vazias.


al berto





era natal e tão só ia o corpo passeando os ossos sob o frio da manhã - o teu corpo à descoberta dos dias que o inverno construía pela força do gelo. lembro-me das tuas frieiras. bocados de pele arreganhados pelo vento - o norte aqui perto - tamanho desejo de fugir aos lobos que a pele se abria em geada - dai-me um natal assim tão quente como o teu rosto. que regresses dos mortos para construirmos neve à entrada da porta. que já não há casa nem invernos de neve e a lareira sempre apagada.