quarta-feira, 7 de novembro de 2012




















laura makabresku





pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lis-
boa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no
cimo do mastro, e mandar arrear o velame.

é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem
cadastro.

a dor de todas as ruas vazias.

sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o
filme acabou. não nos conheceremos nunca.

a dor de todas as ruas vazias.


al berto





era natal e tão só ia o corpo passeando os ossos sob o frio da manhã - o teu corpo à descoberta dos dias que o inverno construía pela força do gelo. lembro-me das tuas frieiras. bocados de pele arreganhados pelo vento - o norte aqui perto - tamanho desejo de fugir aos lobos que a pele se abria em geada - dai-me um natal assim tão quente como o teu rosto. que regresses dos mortos para construirmos neve à entrada da porta. que já não há casa nem invernos de neve e a lareira sempre apagada.








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