quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

















nunca ninguém há-de entender como o mundo dói - não existe melhor forma de o dizer - a tantos terços fugimos ou chegamos atrasados. pela força das escondidas. contadas como quem parte para nunca mais voltar - a minha infância é uma estação alegre onde o corpo regressa em dias tristes - nos montes inventamos nomes de ervas e árvores. demos forma às nuvens. de tal modo que o céu era um pintura de animais selvagens - às vezes ainda vos ouço chamar-me - nas manhãs mais frias inventávamos corridas. a macaca. a corda. o macaquinho chinês e tantos outros jogos - quando eramos pequenos tudo era possível - quis ser tanta coisa: astronauta. bombeira. professora. médica dos animais. boneca - sei hoje que há uma grande distância entre aquilo que queremos e aquilo que temos. que nem tudo o que sonhamos é possível. e que por isso ser adulto é triste - quando eramos pequenos não queríamos saber. fazíamos de um campo um estádio. de um tanque uma piscina. de um banco um palco - na nossa ignorância tivemos tudo. à nossa maneira lá fomos felizes - não sei onde andam. que mundo vos tem. que sonhos vos perderam. mas sei que quando fecho os olhos. para contar até trinta. ainda vos ouço correr.















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