sexta-feira, 28 de março de 2014




































Certas palavras muito duras quando a noite cai
não devem ter outra origem sabes tão bem como eu
porque agora a lava das lágrimas ao crepúsculo
são as rosas com que o poeta fala
à multidão em volta do crocodilo o animal repugnante
de costas para a luz contra o grande uivo:
de oriente a ocidente a mesma flor podre o estado
segredos de estado as razões de estado a segurança do estado
o terrorismo de estado os crimes contra o estado
e o equilíbrio do terror
de oriente a ocidente meu amor de oriente a ocidente

Digo não Eu digo não
digo o teu nome que diz não

No entanto às portas da cidade e ao pé de cada árvore
à espera que tu chegues ou passes simplesmente
estão os grandes do império com o chapéu na mão
para cumprimentar-te
Então passas tu com a lua no peito
dividindo distribuindo os alimentos


antónio josé forte







a primeira vez que ouvi falar de amor tinha seis anos - meu tio zé silva amolava o cutelo. nunca lhe conheci outra ternura  - contou-me que a minha tia acamara por uma trombose - minha tia maria. de pele muito clara. cabelos sempre penteados sobre a almofada. de quem só lembro o nome e o cheiro a pó talco- por essa altura eu pouco sabia do mundo. e nada do amor - contou-me que o amor era saber que ela preferia morrer e mantê-la viva. com mil cuidados. pelo egoísmo de puder abraçá-la. ainda que o corpo imóvel. ainda que a face sem expressão. ainda assim -  mais tarde o amor viria a ser esta foto dos meus pais - com treze anos achava que o amor era de mãos dadas e olhar romântico - não sei. hoje com vinte e seis. entre o amor egoísmo e o amor romântico. que amor é meu - sei mais do mundo. que dói. que às vezes é irreparável. que faz mal ao coração - acho que cresci num equilíbrio entre egoísmo e romantismo. um amor mundo.














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