terça-feira, 11 de março de 2014







Elif Sanem Karakoç











As tuas mãos que a tua mãe cortou
para exemplo duma cidade inteira
o teu nome que os teus irmãos gastaram
dia a dia e que por fim morreu
atravessado na tua própria garganta
as tuas pernas os teus cabelos percorridos
rato após rato tantos anos
durante tanta alegria que não era tua
os teus olhos mortos eles também
na primeira ocasião do teu amante
assim como as palavras ainda fumegando docemente
sob as pedras de silêncio que lhes atiraram para cima
o teu sexo os teus ombros
tudo finalmente soterrado
para descanso de todos
- mesmo dos que estavam ausentes

antónio josé forte




não sei que natureza faz de si a lei dos fracos. que mundo chama a si corações sem amor. corpos morrendo de saudade. peles tremendo de frio. não sei - estou certa que me falta a precisão das palavras. o destino da sorte. um pedaço de céu onde deitar o corpo e sossegar o coração - recordo. com alguma estranheza os lugares onde fomos - que significado tem o verbo ser no passado se a memória tende a apagar-te  - queria recordar o teu rosto até ao final dos tempos. os traços fundos da pele. teus lábios quase a desaparecer. finíssimos. teus olhos de azul claro - à força da memória regressas e descubro-te um sinal do lado esquerdo da cara - 








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