terça-feira, 15 de abril de 2014






 ~
laura makabresku





quis-te tanto que gostei de mim!
Tu eras a que não serás sem mim!
Vivias de eu viver em ti
e mataste a vida que eu te dei
por não seres como eu te queria.
Eu vivia em ti o que em ti eu via.
E aquela que não será sem mim
tu viste-a como eu
e talvez para ti também
a única mulher que eu vi!

almada negreiros





lembro-me do seu rosto. nenhuma memória me incomoda tanto - o corpo corre monte acima. há folhas de eucalipto. musgo e pernas presas a heras. braço agarrado a elas - desaparece - o homem da minha infância morto num precipício. e a sua filha. de pele como a neve. chora - digo: não fiques triste. outro mundo vos espera - sempre acreditei noutros mundos. paralelos a este. onde é possível ser feliz. estar em paz - a miúda. branca. não me ouve. só às lágrimas grossas. queimando a pele - o corpo. agora estanque num pedaço de horizonte. sonha - queria contar-lhe das constelações mas sei que não iria ouvir - espero que anoiteça e sei do buraco negro. inteiro. para onde o homem da minha infância se atirou. foi como uma estrela que choveu - 




















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