terça-feira, 19 de agosto de 2014








jake erwin berry






















O que nos chama para dentro de nós mesmos
é uma vaga de luz, um pavio, uma sombra incerta. 
Qualquer coisa que nos muda a escala do olhar 
 e nos torna piedosos, como quem já tem fé. 
Nós que tivemos a vagarosa alegria repartida 
pelo movimento, pela forma, pelo nome, 
voltamos ao zero irradiante, ao ver 
o que foi grande, o que foi pequeno, aliás 
o que não tem tamanho, mas está agora 
 engrandecido dentro do novo olhar.

fiama hasse pais brandão












subitamente o teu rosto à tona d'água - regresso onde nos perdemos. uma curva de estrada apertada. pinheiros altos virados ao céu - ouve-se ao longe uma corrente de água. forte. sei que será fria como frias serão todas as águas que te não conheceram a pele - quase te ouço chamar-me. como um sorriso que a boca força e o corpo não reconhece - depois da curva uma reta funda a cortar o mato. nem uma nesga de sombra. apenas uma luz intensa a queimar os olhos. a pele. o caminho - disto somos feitos. para isto criamos o mundo. e fechar os olhos parece-me a melhor forma de sentir vida - dai-me outro coração mais sadio. com janelas abertas voltadas para os mares do norte. com montanhas altíssimas. desertos imensos e a tua voz. como um eco sem palavras. a cobrir de silêncio o peito - bate-me um coração que já não me pertence.em coordenadas que os ossos não sustentam. o corpo cai. o corpo vai. o corpo fica. para sempre. como uma curva de estrada aonde o teu não regressa - 






















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