terça-feira, 8 de setembro de 2009
(…) Rio e reflexo – por afinidade metafórica posso passar de um a outro, levado no mesmo fluido que num só tempo é gás e líquido. E então melhor eu chego a entender que o sistema paralelo dos espelhos se vai deslocando ele próprio, como acompanhando o correr das águas. Entre as chapas do cristal, o reflexo passeia-se, enche-se e destroi-se, a todo o momento é outro, com a virtude heracliteana das águas.
No momento exacto em que, na distância fictícia onde, perdido o limite na expressão das leis da física, a imagem não é mais visível – nesse momento, também o rio atingiu as águas de um mar que o recebe. O rio deixou de ser quando o reflexo deixou de existir. E o poema apareceu. Apareceu destruindo-se. (…)
josé-augusto frança.
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