segunda-feira, 15 de novembro de 2010

















Fechado em mim mesmo,
sem portas de entrada ou saída.

O homem que evita a sua sombra
persegue um impossível.

E aquele que foge
dá menos importância ao que leva consigo
do que ao que deixa para trás.

Aceito-me como sou.

A escuridão fecha-se como um muro
e não há portas de entrada ou de saída.

Quem pensa em mim
agora?

josep m. rodriguez




É amargo o coração do poema.
A mão esquerda em cima desencadeia uma estrela,
em baixo a outra mão
mexe num charco branco. Feridas que abrem,
reabrem, cose-as a noite, recose-as
com linha incandescente. Amargo. O sangue nunca pára
de mão a mão salgada, entre os olhos,
nos alvéolos da boca.
O sangue que se move nas vozes magnificando
o escuro atrás das coisas,
os halos nas imagens de limalhas, os espaços ásperos
que escreves
entre os meteoros. Cose-te: brilhas
nas cicatrizes. Só essa mão que mexes
ao alto e a outra mão que brancamente
trabalha
nas superfícies centrífugas. Amargo, amargo. Em sangue e exercício
de elegância bárbara. Até que sentado ao meio
negro da obra morras
de luz compacta.
Numa radiação de hélio rebentes pela sombria
violência
dos núcleos loucos da alma.

herberto helder







provavelmente alegria. breve. alguém que assim se pareça. ou apareça. ou então a tristeza, em círculos. um incêndio entre os dedos das mãos. não sei que te dizer. era o mesmo que correr, era o mesmo que fugir. talvez desapareça. uma manhã destas. talvez. cuido de ti. cuido. não posso é esquecer. não partas nunca mais. o meu coração, é um cato. não partas nunca mais.









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