segunda-feira, 15 de abril de 2013

 
mariam sitchinava 








 De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
 ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
 a névoa da madrugada. O mundo, então,
 fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
 numa direcção invisível. De dentro
 de casa, porém, um cheiro a café chama
 por mim: como se alguém me dissesse
 que é preciso acordar, uma segunda vez,
 para que as raízes cresçam por dentro da
 terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.

 nuno júdice






partir por partir que me parta o coração já tão habituado - se a origem do mundo fosse um barco talvez nós fossemos a água e o caminho do mundo fosse feito de descidas de rio ou de ondas de mar - que a vida que hoje muda amanheça alegre na esperança de que em algum lugar alguém nos espera. de que de alguma forma o mundo nos pertence - aconteça o que acontecer é primavera e as estações são construídas no coração de um mundo que aprendeu o oceano.





1 comentário: