terça-feira, 18 de fevereiro de 2014






laura makabresku
















Eu disse tudo, mas não no lugar certo.
Em cera e em metal, por mãos de gente
e estojos de veludo me deitei
e quantos me tiveram sabem quanto
amei e amo a foice do teu rosto,
os cinco ou mais sentidos que me dás.
Um sopro humano, a boca, um coração,
me tocam e alimentam, como antes
águas de chuva no lazer do pântano
quando o vento passava nos pinhais;
sou teu igual, não mais, e no meu corpo
inteiramente novo é que perdura
a liberdade, glória do teu canto.
Desejo meu, em tua sede habito;
meu mestre, escravo, amante, pois servimos
no mesmo chão o mesmo antigo lume.



antónio franco alexandre















foi me dito que o mundo seria consoante os sonhos que temos. a esperança que mantemos. nunca ninguém me disse que os sonhos e a esperança corriam risco de vida - com uma navalha na nuca. assim segue a minha ideia de futuro - têm dito que sou jovem. que ninguém sabe o dia de amanhã. que a vida dá muitas voltas. que o mundo ainda demora - queria dizer-lhes que não sei. não sonho. não esperança. nem sei porque o mundo se demora quando o meu coração tão frio. quando a minha vida tão só - queria dizer-lhes que sofremos de uma tal falta de autoconsciência que assim vamos num campo de minas. correndo com a arma ao peito - foi me dito que havia um lugar para mim nos braços de alguém. que outro corpo me esperava - são meus braços. meu corpo. meu sangue que o chama. fora de mim só existe o que os meus olhos querem ver. o resto será mentira - nenhum homem do lado de fora. nenhum homem do lado de dentro. neste país as mulheres andam tristes porque nenhum amor as chama.só o sangue por dentro recorda os seus nomes. e a medo vão. e são esse campo de minas porque onde vão os que como eu não sabem que a dor só existe por os olhos a querem ver -






















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