segunda-feira, 6 de outubro de 2014









sabina tabakovic





















Fica ao menos o tempo de um cigarro, evita
comigo que este tempo ande. Lá fora
são as casas, vive gente à luz de um candeeiro,
o som que nos chega apagado pela distância
só denuncia o nosso silêncio interrompido.
Ajuda-me, faremos o inventário das coisas
menos úteis, mágoas na mágoa maior do tempo.
Fica, não te aproximes, nenhum dia
é menos sombrio, quando anoitecer vamos ver
as árvores cercando a casa.

helder moura pereira


















ao acordar. essa certeza absurda de que a vida é finita. de que o mundo é à toa. de que as nossas mãos nunca mais se voltarão a tocar - e a tristeza dos dias menos óbvios em que nos sentávamos a contar memórias. a fazer promessas. a chorar o mundo - e esta vontade de correr que incendeia o peito. esta força do corpo a tender para o futuro. este não saber onde. como. nem porquê. como se ir fosse o único caminho. como se ficar me retirasse humanidade - quase ser humano. a verdade absoluta do corpo que vai. que parte. céu adentro à procura de ti. em todas as nuvens - onde te escondeste que em nenhum pedaço de nuvem te encontro. que de ti fizeram as tempestades. os raios e os ventos fortes. para que parte do céu te mandaram os anjos - 
































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