sexta-feira, 27 de março de 2015






ezgi polat







'Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta'
josé régio








:rapariga. quando não souberes o que dizer cala-te bem caladinha     - é como se te visse de azul celeste. o tom de voz sereno mas bravio. que nunca mais ouvi em nenhuma boca. a desaparecer lentamente pelo corredor fora:       cala-te bem ca-la-di-nha   - tantas vezes te disse como me doía o silêncio. onde me doía o silêncio. que partes do corpo o silêncio parte e desmembra - a isso respondias com altivez: saber calar é a maior virtude dos vivos - tantas vezes me escondia nas moitas. em silêncio. à espera que a tua boca dissesse o meu nome. e não dizia. nada. só vazio            - quando entardecia pedia a deus. nosso senhor. senhor de todos os senhores. que me mostrasse beleza. e juro que via raios de luz mais fortes e flores crescendo mais depressa. e o verde a ser mais verde nas paisagens. as árvores falavam para mim.  juro  - tantas vezes me espanto com a beleza do mundo, onde menos espero. em quem menos conheço - e tu sabias da beleza do mundo. conhecias deus como ninguém conhecia. era o teu deus. um deus maior. interior. firme - quando o deserto do mundo me aflige agarro-me à beleza do mundo e sobrevivo - sobreviver é estar muito caladinha e esperar na moita que alguém me chame. 










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