terça-feira, 3 de abril de 2018




jonna jinton






As mãos pressentem a leveza rubra do lume
 repetem gestos semelhantes a corolas de flores
 voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
 encalhada como um barco nos confins do olhar

 ergues de novo as cansadas e sábias mãos
 tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
 o amargor húmido das noites e tanta ignorância
 tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
 quase nada

  al berto





tão longe que o mundo não nos pudesse agarrar e o corpo pequeno. de repente. cai para dentro do teu peito. o teu coração feito ninho. onde é possível nascer uma e outra vez. as vezes que forem precisas. até se ter força para enfrentar a escuridão de peito aberto - sigo os teus passos como sonhos que se tornaram estrelas no céu - em todas as noites percorro as tuas rugas. quero enfrentar o vazio. a certeza de ser só na vida - peço-te que regresses ao castanho dos meus olhos. ilumina-me - sei que me acompanhas e me percorres como eu te percorro. passo a passo. peço-te que regresses e te faças árvore. que me abraces forte até o coração ganhar raízes - voo com os pássaros. migro nas estações. rebento de amor. sufoco de tristeza. há em mim um sentir que não compreendo. um sentir tamanho que entontece - talvez um dia descubram que vivi como uma danada. sem ânsia. sem vergonha. sem dor. sem nada. pelo gosto de viver e ser assim - até ao fim dos meus dias descobrir-me em cada amanhecer e só tu. só tu me aplaudias em cada queda e reconhecias as minhas cicatrizes. como marcas de aprendizagem da alma - estaremos sempre juntas. sangue do meu sangue. alma da minha alma. 





1 comentário:

  1. És mesmo a margarete do escritacriativa.com:-) E ainda não reconheceste quem eu sou:-)

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