sexta-feira, 20 de abril de 2018




jonna jinton





Ninguém
oferece flores.

A flor,
em sua fugaz existência,
já é oferenda.


Talvez, alguém,
de amor,
se ofereça em flor.


Mas só a semente
oferece flores.

mia couto














e de manhã o canto dos pardais e um cheiro a musgo a invadir o corpo: quero uma cabana de costas voltadas para o mundo e coração aberto para o céu - construíste-me uma cabana de paus tratados e ervas daninhas. dizias que dali se viam melhor as estrelas - acreditei em cada palavra tua. fiz-me futuro em cada memória. por seres tu. por te ter em mim a amanhecer em cada dia novo. a ser luz e vida e graça em cada palavra - a vida fez-me de silêncio - orai e vigiai: palavra do senhor - orei e vigiei até as pálpebras se não aguentarem abertas. fecho os olhos à vida. quero consumir-me de amor para sempre - enquanto eu for vida escreverei o teu nome em cada árvore: valentina - tudo está consumado na memória do teu abraço. num silêncio perene até desaparecer à margem - avó. fiz-me árvore. cresci. vou encontrar-te agora para um sorriso inteiro.












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