terça-feira, 25 de julho de 2023









 laura makabresku





Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.

Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma ténue ferida.

cecília meireles







uma ave no ombro. pára - o voo interrompido pela força do vento - um leve bater de asas. alívio. só o amor nos salva. quando o corpo perto - dentro. tão dentro. desperto - um coração contra o tempo - uma vida em alarme - quero adormecer no teu colo. como um passado perfeito. num pretérito esquecido - para que lugares foges quando a noite fria - entra. não esperes mais. ontem já era tarde - o corpo inteiro em chamas. por ti - um golpe de asa no peito - amor. 








2 comentários:

  1. Metralhou com palavras o amor que por gentileza guardou toda sua essência dentro dos gritos mudos, bem lá no fundo encarcerado e esquecido, mas sua presença deixa seus rastros de perfume toda vez que levanta vôo 🪶

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  2. O poema é uma bela peça poética mas o texto que se lhe segue não é menos belo.
    Um abraço.

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