quinta-feira, 31 de julho de 2014













ezgi polat


























Quase morrera era ainda tarde
Aqui é o coração à volta os pulmões
por dentro a visão ignora
as correntes O sangue leva a memória
que péssima memória diziam
A memória ilumina a visão por fora
uma concentração demasiada
Ali é o corpo quase caíra
Repito: a morte é sempre técnica
e bela

manuel fernando gonçalves








todas as noites na mesma noite. nenhum dia volta. a nenhuma luz regressa agora o corpo. preso à luz de estrelas que não existem - até desaparecer - acredito que o mundo é o espaço de tempo que dura uma vida - a tua foi longa. uma longa história de amor - ainda me lembro de me dizeres das flores o cheiro. de me contares os dias. de como eram feitas as estações - quando chovia corrias a ver as nuvens. céu fora - tenho saudades de te ver dormir. descansada - de te ver rezar pela noitinha com as mãos dadas - todos os lugares são teus mesmo que os não habites. desde sempre. para sempre - esta casa que te viu. todas as casas que te viram passar para a missa. todos os domingos. todos os caminhos. são teus - hoje à tardinha dei com as chaves do teu caixão dentro de um envelope. que a terra te guarde bem. que os tempos te recordem mais nova - não quero que te recordem como estás na fotografia da lápide. com o conjunto azul e a camisa branca. cabelo muito arranjado. e os sapatos pretos de verniz - lembro-te alegre em excursões sempre cheias de gente mais velha - acompanhei-te em tantas viagens. lembro-me vagamente do pai ir connosco a Santiago de Compostela. de uma avenida estreita. muita gente a passar por nós. eu às carrachulas do pai e  tu um pouco mais atrás carregando as cestas da merenda. o saco de farturas e as pipocas - sempre fui contigo. até quando já não podias ir. até onde nunca fomos -  não posso esquecer-te. o teu lugar está vazio. o cantinho do sofá onde sempre te sentavas a contar-me histórias. o velho e baixo sofá que te dava dores nos joelhos. a lata onde guardavas as bolachas está escondida no armário. ainda cheia. ainda tua. as bolachas já moles e partidas - está muito frio aqui dentro - e deito-me no lugar da cama onde gostavas de ficar. abraço-te. avó. não posso chorar - nunca saíste da ibéria e ainda assim trazias todo o amor do mundo nas mãos. da varanda sonhavas mundos. outros. conhecias o "luxemburgo". como tu lhe chamavas. falavas com os pássaros. contavam-te de todas as migrações - o teu nome é agora um pedaço de terra que trago na boca











































segunda-feira, 28 de julho de 2014









laina briedis

















A vida é uma coisa a que me habituei 
adeus susto e absurdo e sobressalto e espanto 
ruy belo












o que não se diz. com medo que o corpo não respeite a boca. fica para doer - às vezes andamos a vida toda a não dizer o que o corpo quer. e dói tanto - a vida passa tão depressa. as estações tão curtas. o tempo tão rápido e o silêncio tão longo a bater-nos no corpo - somos dois ramos de uma mesma árvore. conhecemos o voo de todos os pássaros. sabemos das estações pela cor dos nossos braços e do vento pela instabilidade do corpo. mas nunca nos tocamos 















quinta-feira, 24 de julho de 2014

































laura makabresku




















ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte
vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer – vai por esse campo
de crateras extintas – vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo – deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração

al berto







silêncio. terra na boca. e um muro tão alto que o corpo todo esticado - uma árvore velha ao fundo e tu muito quieto. corpo tombado para a frente. rosto perdido de verde - não partas nunca mais. nem em fotografias. que esta memória seja sempre minha. meu corpo assim pequeno. o muro assim alto. o tombo assim grande e a terra assim amarga - quando era pequena os tombos eram grandes mas o corpo nem doía. agora não -





















quarta-feira, 23 de julho de 2014










mariam sitchinava 


















Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

mário cesariny










esse amor sem juízo. como grito no corpo. não existe - esta constatação é como um golpe preciso. certeiro no peito - às vezes certeza absoluta. outras dúvida amarga - enquanto o amor me quiser e a esperança for essa luz de fim de tarde. quase noite. quase estrela. quase abraço - de 'quases' se faz agora a vida e o mundo. como se no princípio deus tivesse dito: 'tornou adão quase a conhecer sua mulher. e ela quase deu à luz um filho' e assim morresse toda a humanidade - 

















terça-feira, 22 de julho de 2014










valentin chenaille
















O que a memória ama, fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível.
adélia prado












o que não dei. com medo que tudo o que sou desapareça. é teu - o verão assim quente. o caminho para casa. os grilos no terraço. a luz de fim tarde. as dores no joelho. os olhos da avó. tudo o que não partilhei com medo que morresse. é teu - e este corpo. pele e osso. que só o norte conhece. é teu - e todos os silêncios que a boca reserva. como segredos que ninguém conta. são teus - os sonhos que tive. os amigos que perdi. o perdão que não dei. tudo o que dói. é também teu - este amor tão sem jeito. imperfeito. como nuvem no peito. é teu - às vezes também chove. é quando os meus olhos te pedem que me abraces e o corpo todo quieto










segunda-feira, 21 de julho de 2014








elif karakoc



















Quanta tara, quanto vício
Quanto enfarte do miocárdio
Quanto medo, quanto pranto
Quanta paixão, quanto luto!...
Tudo isso pelo encanto
Desse beijo de um minuto:
Desse beijo de um minuto
Mas que cria, em seu transporte
De um minuto, a eternidade
E a vida, de tanta morte.

vinicius de moraes













como uma memória à margem de qualquer desassossego - por um acaso de timidez o corpo como morto. à espera que num golpe de asa o pássaro ali se firme para sempre  - a boca espera o silêncio certo para fugir. é quando as mãos se prendem à cintura e o corpo permanece na inquietação dos dias ímpares -  teus lábios procuram um pedaço de pele onde largar o beijo - uma calma que o peito não conhece. depressa como se o partisse. enquanto o pássaro me debica o coração -


















sexta-feira, 18 de julho de 2014










laina briedis



















"(...) Há anos que eu andava a ver se conseguia dormir assim sozinho no deserto. Mas de facto nunca viajava completamente sozinho e nunca tinha querido, também, impor uma escala assim despropositada aos meus companheiros de viagens. Estava agora ali, afastado um pouco da fogueira, a fixar aquele círculo de chão iluminado, a aferir a gradação do limite entre a substância do palpável e a vastidão compacta da noite. A adequação dos sentidos: a vista, durante o dia, o ouvido, agora. O silvo discreto das torrentes da brisa, dos canais do vento. Qualquer ruído acrescentado a estes, uma folha de capim cedendo ao rastejar de algum mínimo réptil, o indeciso progredir de algum insecto escuso, estava o alerta disparado e em guarda, indiferente contudo ao choro dos chacais. Assente e a sós na caixa do silêncio. O vento, só. Não chegas a saber se o das correntes de ar ou só aquele que a Terra há-de soprar embrulhada no curso da rotação que a leva. E há um rumor de estrelas a que por vezes, de súbito, se acrescenta o grito, sideral, de algum astro candente. E o permanente caudal , que sempre entendi de esperma, da via láctea, suspensão morosa na uterina fluidez da noite. Até que a lua nasce a confirmar contornos guardados intactos pela minha vigília. (...)"


ruy carvalho













queria um mundo que não existe. com silêncios enormes e palavras baixas. e uma luz assim grande na pele. a queimar quase o osso - em alarme reparo que a vida abandona os sonhos e com a idade os nomes perdem rosto - que me não deixem esquecer quem amei. que esta memória nunca me falhe e tudo seja a certeza de um dia claro.uma corrente de ar frio no pescoço e pele de galinha - o coração também lembra. e a memória das artérias é mais forte que o cérebro - quero um amor que não existe. com árvores densas e um areal imenso a perder de vista. uma linha de mar ao fundo e a certeza de que se pode ser feliz sem mundo - 



















terça-feira, 15 de julho de 2014









mariam sitchinava





















Alguém joga uma pedra
no ar como uma fato não
fato mas aparência
fato a flutuar nos vácuos
Ser existencial cego
talvez não possa ocorrer
nunca se sabe nada
com certeza absoluta
das coisas existentes

susan howe










 ficava a ouvir os sapos e as rãs. a saber dos morcegos escondidos na gruta onde nascia a água - a poça tinha um fundo muito verde de lodo e musgo e animais pequenos escondidos nas ervas. sempre tive medo de lá entrar - às vezes as libelinhas abeiravam-se de mim. muito negras. às voltas nos meus cabelos. e eu inquieta com os olhos muito grandes a adivinhar-lhes o voo - os pássaros comem as nuvens. por isso é que as nuvens desaparecem e os dias ficam claros. o tempo só é assim bom porque os pássaros deixam - tu rias alto e assustavas os girinos que a custo tinha apanhado - de noite nasciam pirilampos na poça e uma luz muito verde interrompia o escuro. pedia-te tantas vezes que me levasses a ver os pirilampos e tu lá ias. de mão muito dada à minha - às vezes com os pés dentro de água. tudo muito escuro. e eu com medo que os bichos me comessem as pernas - olha avó. caiu uma estrela do céu - 












segunda-feira, 14 de julho de 2014































laura makabresku


























morte, minha materna morte: faz-me o poema onde aprenda a morrer, e,
num texto corpo de silêncio, cria comigo o amor

pedro sena-lino





















outros dias há em que o coração sem casa. desesperado.  procura - que uma razão de vida me alcance agora que de nenhuma esperança se faz este futuro - aprendi contigo uma vida que já não existe. ensinaste-me um mundo que já não é meu - avó. nunca me disseste como se vive na ânsia do abraço que não se deu - quando estou assim triste e não encontro nenhum horizonte onde te imaginar feliz. nenhuma nuvem onde pousar a cabeça. encolho o corpo e fico a pedir ao deus. aos deuses. a todos os santos a quem dedicaste todos os dias. que me venhas abraçar só por um segundo - a minha pele está tão fria. os meus lábios tão secos. quero que me leves para perto de ti e me abraces tanto que o meu corpo desapareça - só tu sabias como dói o mundo quando as manhãs tão claras se fazem de lágrimas e não permitias que ninguém mo impedisse. como se a tristeza fosse a certeza de uma beleza que não há - trago comigo a violência do mundo e a dor de quem sabe que não há regressos - leva-me pela mão até ao penhasco. aperta-me o peito até ao grito



















laina briedis



















Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar

sophia de mello breyner







dizia-te: tenho medo do escuro - o que ali há de noite é o mesmo que de dia. um campo grande. verde. rodeado de choupos - um dia. enchi o peito de ar. e na coragem de uma noite quente de verão. corri campo fora. noite dentro. as ervas a cortarem as pernas. algumas mais altas nos braços. a pele muito morna - deitei-me perto dos choupos. a erva estava fria. ali fiquei de peito feito ao medo. que nenhum escuro me assuste. que nada me espante - contei algumas estrelas. eram tantas. depois voltei devagar para casa. foi quando vi pela primeira vez a coruja - 

tenho medo-












terça-feira, 8 de julho de 2014









lieke romeijn

















Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

sophia de mello breyner andresen










que nem um amor te encontre:assim cantavam as velhas na soleira da porta mais antiga que conhecemos - olhavas para mim sorrindo. seguravas a minha mão como quem fica - ao início da tarde uma lagartixa atravessa o terraço e vai abeirar-se de um charco quieto à sombra - era uma vez uma menina pequena. tão pequena que te cabia no bolso do vestido. contava muitas histórias de meninos e meninas felizes mas ninguém ouvia. da sua boca pequena uma voz muito baixa. como um segredo - cheiro a terra seca e o sol alto. forte. pousa nos ramos das árvores de fruto - o cão aninha-se nas minhas pernas: que calor. que calor - sai cão. sai - e o cão corre. grito: dia-man-ti-no - só uma nuvem muito branca interrompe o azul. já quase noite outras vêm juntar-se a ela - tenho frio - pousas uma mantinha de linho nas minhas costas e chegas-me para ti. ficamos assim. muito encostadas. a ouvir cantar os grilos - quero pedir-te que não morras e se morreres. promete que me vens abraçar de vez em quando - sorris e aproximas a tua boca do meu ouvido: como um segredo -














segunda-feira, 7 de julho de 2014







ezgi polat












Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo 


Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

sophia de mello breyner andresen











o grito é de quem o dá ou de quem o ouve - como se o futuro fosse este silêncio imenso onde o teu corpo desaparece. ou um caminho coberto de silvas e árvores novas a dar para um rio de águas bravas e peixes pequenos. ou um céu muito azul que se despe lentamente de nuvens - interrompo o silêncio para descrever o voo do pássaro. de bico em riste contra as folhas - e tudo passa - e construir um futuro onde o medo não dure. 









sexta-feira, 4 de julho de 2014







lieke romeijn














'Abrace-me porque é o último 
abraço que me dá'
antónio lobo antunes










gostavas dos dias quentes. de nuvens brancas e pequenas. de amoras muito maduras – nos dias assim grandes acordavas-me cedo e íamos à procura de cores fortes. como quem parte para sempre. de mãos muito dadas. de corpo muito perto. eu a sentir o teu coração bater na minha mão – às vezes corríamos monte acima e ali ficávamos deitadas. assim perto do céu ouvem-se melhor os pássaros. percebe-se melhor o azul – e eu contava-te os meus sonhos: quero ser bailarina num circo com camiões maiores como o do tio quim. daqueles circos que têm animais assim grandes |abria os braços pequenos e era como se dentro deles coubesse o mundo inteiro|- tu sorrias – vou ter uma casa com prateleiras cheias de compotas – tu sorrias – no regresso colhíamos carquejas e ramos de eucalipto – nos dias grandes tinhas tanta vida e luz 

morreste num dia pequeno de dezembro. o teu corpo pequeno. feito dor. uma dor assim tão grande. do tamanho dos animais do circo que nunca vi - a certeza de que partias para sempre. com a bailarina que nunca fui e as compotas que nunca tive -











quinta-feira, 3 de julho de 2014













ezgi polat











Eu disse tudo, mas não no lugar certo.
Em cera e em metal, por mãos de gente
e estojos de veludo me deitei
e quantos me tiveram sabem quanto
amei e amo a foice do teu rosto,
os cinco ou mais sentidos que me dás.
Um sopro humano, a boca, um coração,
me tocam e alimentam, como antes
águas de chuva no lazer do pântano
quando o vento passava nos pinhais;
sou teu igual, não mais, e no meu corpo
inteiramente novo é que perdura
a liberdade, glória do teu canto.
Desejo meu, em tua sede habito;
meu mestre, escravo, amante, pois servimos
no mesmo chão o mesmo antigo lume.

antónio franco alexandre









é já julho e amadurecem amoras. o muro do caminho coberto de heras e ninhos de formigas. na serra dois pinheiros altos a prumo. nenhum ar corre - um milhafre sobrevoa a vinha - avó. nenhum mês se repete sem que te lembre. os teus olhos davam sentido ao que acontece. e é simples e pequeno mas com tanto dentro. tão imenso. tão sincero. tão nosso - os lugares tão verdes onde nos sentamos sob o calor dos dias longos. o teu cabelo branco muito enrolado ao caco da cabeça. os teus braços a ganhar cor e o teu avental de cornucópias com tantas surpresas no bolso - lembro-me tão bem daquele fim de tarde de julho. as duas aconchegadas no tronco da laranjeira a cobrir de cascas a erva seca. de tu dizeres que adoravas os dias assim quentes. que te faziam lembrar a tua mãe e eu a pedir: faz-me uma trança.avó - os teus dedos finos na pressa dos meus cabelos - tens um cabelo tão bonito. como as castanhas no mês dos teus anos - e eu a abraçar-te como se partisses . 
















terça-feira, 1 de julho de 2014









mariam sitchinava












visita-me enquanto eu não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com o teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
vem

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulforosa dos espelhos
vem

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
vem

com teu sabor de açucar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-se

al berto





as voltas que dou à terra. sempre à procura de um ramo de árvore. um ninho de pássaro. uma nuvem baixa. um buraco mais fundo - o coração. a quem o mundo destinou males maiores. sabe hoje que é possível ser feliz. e até a boca. a quem outras línguas prometeram tudo. conhece a felicidade pela repetição do teu nome que. imagina. se confunde com o amor -