quarta-feira, 29 de abril de 2009

#118

às vezes creio pertencer a outro lugar, não este onde me sento, outro. um distante, desses que encalham o coração dentro de um peito, outro, que não o nosso, de onde se vê um largo buraco negro. quero rir tudo o que chorei, como se por lágrimas se vertesse em risos o que me doeu, como se fosse o mar capaz de caber dentro desta sala. subitamente ainda me sinto aqui, onde não pertenço, nesta cadeira que é chão oco de madeira tosca, nesta sala distante, onde prateleiras se erguem a sobressalto no plano interior. estou estagnada na noite, que colada ao vidro da janela, ao fundo, inclina a parede para dentro do meu olhar, como se no meu olhar coubesse o branco ou o mar. às vezes creio que estou parada mas há em mim o movimento de ruas paralelas a esta, onde casas se deserdam como órfãos sem lar.

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