segunda-feira, 2 de janeiro de 2017






elizabeth gadd






Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas

Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas

Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviados
Do lugar



Daniel Faria













esta noite sonhei com árvores altas e a tua voz segredando idas - por onde ir agora que tudo ardeu. nenhum laço me prende. nenhuma aragem me conhece. por onde partir. por que viagens procurar teu corpo inanimado - lembro-me dos teus silêncios. procuro preenche-los de afeto. e no fundo dos braços um ninho de pássaro. uma casinha de madeira - vem. quero ser capaz de mostrar-te que o tempo não me arrancou o sorriso. que na boca me nasceram jardins. que em nenhum lugar deixei a minha esperança. tantas vezes tão maior que eu - vem. quero dar-te outro mundo que este não me compreende. e dizer-te do voo que o corpo conheceu aquando do abandono. reconforta-me saber que melhores horas te aguardam. que outros homens te encantam. que outras nuvens te acolhem - a terra prometida regressa agora do alto do céu - quando ninguém acreditou eu vi. eu sei. quando ninguém por ti chorou. eu esperei - havemos de nos encontrar. está escrito e dito. e ninguém pode alterar promessas e testemunhos - e a maior fé é esta: dar sem medida