sábado, 25 de abril de 2009

#97

Estava certo, esse mundo,
como um mapa todo de linhas puras
figurando um grande delta
branco ao redor dos dedos.

Era de cor o lápis que mareava
minha tão próxima
longitude do berço. Como
devia ser, como
estava certo, muito pouco
ficava por encher:
a mão bastava para compreender
o avião de cor em fuga desordenada;
hoje acha-se aquém
de toda a luz para que foi criada.

Estava certo esse mundo,
estava certo o rio, o astronauta,
a casa primeira, a cosmogonia
da cidade, o mito da flor, tudo
o que não tardaria a chegar à mão
que agora escreve exilada
do caderno de desenhos.


rui lage

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