sexta-feira, 28 de agosto de 2009

tenho saudades de empapar bolachas maria numa tigela de cevada, ficar à janela com uma manta a cobrir-me os joelhos e esperar que seja noite às cinco da tarde, e é sempre noite às cinco da tarde quando tenho saudades de empapar bolachas maria numa tigela de cevada. tenho saudades de ver chegar o pai, sentir-lhe a sombra ao fundo da quelha a vir, por entre os muros cheios de silvado. tenho saudades das tuas mãos, tão velhas! as tuas mãos nos meus ombros como que a dizer-me: está tudo bem. e não é que está sempre tudo bem quando te recordo ainda que em saudade, avó?

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