quarta-feira, 16 de setembro de 2009












falava-me da transitoriedade dos afectos enquanto arrastava os pés de um lado para o outro, à procura de um chão talvez. às vezes gritava-me o seu nome mas os gritos das gaivotas não mo deixavam ouvir, ou então era ela que não sabia pronunciar o seu nome. estou aqui já há algum tempo e, com o vagar monocórdico de quem dança uma valsa, ela continua, de um lado para o outro, arrastando os lugares consigo. à tona do peito assiste-se à erupção vulcânica dos sentimentos, uma lava de gestos arremessados por tentáculos esguios, gostava de a abraçar agora. ergue a cabeça, o pescoço chia, está fraca, a cabeça cai-lhe junto ao peito, onde agora lhe namoram breves memórias. apetecia-me gritar com as gaivotas, enviar o meu corpo de encontro a todas estas esquinas, desnudá-la de uma vez, cravar-lhe nas coxas o meu sepulcro e morrer feliz, mas ela não pára, nem com ela nem com a vida.



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