domingo, 28 de novembro de 2010














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olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas

ana cristina césar






Mesmo se algum dia acontecer
nalgum vulgar encontro, ver-me morto,
decerto saberei como nascer
de novo, ser planta e animal
e breve sopro, às vezes, no teu rosto.
Pelo caminho cego da floresta
virei ao pátio, à fonte debruçada,
ao modesto esplendor da jovem faia;
e terei, para dar-te, o riso claro
da vida que não cessa de perder-se.
Pousado o coração dentro do peito,
feito artista da cor, puro fantasma,
na ardósia a giz desenharei um nome
como quem traça um circulo perfeito.

antónio franco alexandre








dizendo. todas as coisas. depois de fechar os olhos só a boca permanece. o nome está como um pássaro que constrói o ninho. dezembro é. está. breve. nenhuma memória dói. nenhum dia triste. só um rumor de mar. deixei para trás os olhos. a boca. dizendo. todas as coisas. não quero ouvir. e sem ouvidos vou que o corpo é. dezembro.










1 comentário:

  1. Mar,

    muito bom tomar contacto com a poesia da Ana Cristina através deste belo poema

    e o gosto que sempre é ler a tua. dezembro é.

    gosto da foto que exprime liberdade e sossego

    bj

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