quinta-feira, 3 de março de 2011












tua presença só é visível nas fotografias dos barcos
as quilhas são a tua memória longínqua das Índias
vai
com os pássaros de bicos exuberantes e sonha
e estende o corpo cansado nos intervalos da erva fresca
onde alguém costurou pedras brancas na orla das grandes rotas
a cidade espera-te com o cais de madeira
junto ao rio abre as mãos toca nos corpos com os lábios
agarra-os dentro de ti
até que da terra lodosa brotem especiarias
porque só longe daqui acharás o que falta da tua identidade
só longe daqui conhecerás o sangue e talvez a felicidade
inundando um breve instante a noite de nossos desastres
só longe daqui

al berto





não muito longe. porque o tempo passa. não muito longe o rosto da boca. que a manhã aperta o corpo. nesse silêncio absurdo onde me meto. não muito longe a casa deserta. não muito longe ia o nome. o coração corria. não havia barcos no mar. o céu era um nada coberto de estrelas. e o teu nome sempre de passagem. um dia. não muito longe. talvez te lembres de como voa um coração-pássaro.






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