segunda-feira, 2 de maio de 2011


































Conheço algumas cidades da europa e a fantasia vagarosa
da cidade da minha infância.
Tu desapareceste. É um erro
das musas distraídas. Não há guindaste que te levante
do coração das águas,
onde apodreceste envolvida no halo do teu amor invisível,
ou recolhida na tua carne rápida, ou ainda
ligeiramente tocada pelo ardor
de uma existência pura. Conheço grandes casas
onde não habitas, flores que cheiro, tarefas
silenciosas que cumpro humildemente, e luzes,
instrumentos de música,
laranjas que devoro sentindo o gosto da vida, desde a garganta
às mais finas raízes das vísceras. Tu
desapareceste.

herberto helder






tantas vezes o teu nome. chegado de ontem. não sabe do meu. paisagens da minha infância. países de verde musgo e sal marinho. barcos voltados para à terra. ao colo a boneca de trapos. falta-lhe um braço. o meu já dormente. se soubesse escrever poemas. dizê-los em voz alta às árvores. às mais altas montanhas escrevi histórias. no seu cume apanhei nuvens - era uma vez um coração livre que voava, ia com os pássaros - o vento preso aos cabelos. a tornear os troncos. tantas vezes fui com o vento manso do sul. conhecer o azul dos mares. - leva-me para dentro da noite. apanho uma estrela e vou conhecer outros planetas - dizer o teu nome é conhecer o mundo. contar a pele de todos os corpos sós.













1 comentário:

  1. tudo isto significa amor, verdadeiro.
    continuo a deliciar-me em cada palavra.
    muitos parabéns.
    o mundo precisava ter mais disto a cada canto.

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