domingo, 22 de maio de 2011






































Por isso é que estamos morrendo na boca
um do outro. Por isso é que
nos desfazemos no arco do verão, no pensamento
da brisa, no sorriso, no peixe,
no cubo, no linho, no mosto aberto
- no amor mais terrível do que a vida.



herberto helder














contam-me uma história. de um amor feliz por outras terras. mais frias. um coração que adormece enterrado na neve - quis ser tua amante. levar-te para as terras altas. onde o frio das manhãs brancas sobe troncos. as árvores estão como mortas. quis ser tua amante para te contar todas as histórias de um amor feliz. decorei as palavras. todas. para tas dizer baixinho ao ouvido. nos lábios guardo toda a beleza do mundo que já vi. o outro mundo. o teu. o que tu viste. fala-me dele quando adormecer for difícil como agora - enquanto o amor quiser hei-de escrever. manhãs tristes. noites inteiras. enquanto o sal durar dentro das lágrimas - tarda. já tarde. noites fora nada me chega. e um abraço era tudo o que queria para sossegar a saudade na pele. ainda não aprendi a estar quieta. durmo como se corresse. por entre as ondas vou ao teu encontro. o corpo dói pela violência da água. forte no peito. ossos para dentro dos órgãos todos - quero chorar muito. fugir dos nomes. dos rostos. do mundo. um dia hei-de morrer e o corpo quieto será velado pelo teu. contarás a história de um amor feliz por terras amenas. onde as árvores sonham deitar a copa nas nuvens.











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