sábado, 3 de setembro de 2011















































Vamos fazer limpeza, mas geral
e vamos deitar fora as coisas todas
que não nos servem para nada, essas
coisas que não usamos já e essas
que nada fazem mais que apanhar pó,
as que evitamos encontrar porquanto
nos trazem as lembranças mais amargas,
as que nos fazem mal, enchem espaço
ou não quisemos nunca ter por perto.
vamos fazer limpeza, mas geral,
talvez melhor ainda uma mudança
que nos permita abandonar as coisas
sem sequer lhes tocar, sem nos sujarmos,
que fiquem onde sempre têm estado;
vamos embora só nós, vida minha,
para voltar a acumular de novo.
Ou vamos deitar fogo ao que nos cerca
e ficarmos em paz com essa imagem
do braseiro do mundo face aos olhos
e com o coração desabitado.


amalia bautista









sempre esperas por mim à porta de casa. estás sentada. o vestido longo, comprido, muito branco, pelo chão. quando me vês, corres. estás descalça, uma lasca de madeira entra-te na pele, não páras. nem quando me alcanças, não páras, corres desesperada. ninguém te vê, só eu. ninguém te vê. nem a imperfeição do movimento dos braços, não coordenado. um à frente e outro atrás, é assim que os levas. o olhar repetido. finalmente desapareces. adeus.











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