domingo, 20 de janeiro de 2013





francesca woodman












venho dormir junto de ti
e o meu corpo é uma coisa diferente
do que se vê ou toca ou sente;
é, fora de mim, essa coluna de ar onde respiro,
olhos que beijam o teu corpo exacto,
as muitas mãos que dobram o teu rosto.
Um deus que dorme, um deus que dança, e mais
que um mero deus, o breve amor do tempo. 


antónio franco alexandre








todas as noites. à mesma hora. o mesmo jeito de repousar a cara. e a pele gelada a perguntar por ele. e a pele gelada não sente nada - ninguém conhece como assim dói o coração tão só - por vezes o corpo crê ser uma árvore. ou um polvo. com ramos ou tentáculos suficientemente fortes para se agarrar à vida - por vezes a cara não quer repousar e a pele tão quente - de noite. dizem. as florestas são pardas como os gatos. e ninguém descobre o corpo - de noite. não há mares nem marinheiros que adivinhem a rota. e a rosa tem ventos fortes. fortes são os ventos de noite e a pele tão gelada.




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