sábado, 30 de novembro de 2013






mariam sitchinava













é tarde meu amor
 estou longe de ti com o tempo, diluíste-te nas veias das marés, na saliva de meu corpo sofrido 
agora, tuas máquinas trituraram-me, cospem-me, interrompem o sono
 habito longe, no coração vivo das areias, no cuspo límpido dos corais… 
a solidão tem dias mais cruéis
 tentei ser teu, amar-te e amar o falso ouro… quis ser grande e morrer contigo
enfeitar-me com as tuas luas brancas, pratear a voz em tuas águas de seda…
cantar-te
os gestos com
 [ternura
 mas não
águas, águas inquinadas pulsando dentro do meu corpo, como um peixe ferido, louco
 em mim a lama... e o visco inocente dos teus náufragos sem nome-de-rua, nem 
[estátua-de-jardim-público
 aceito o desafio do teu desdém
 na boca ficou-me um gosto a salmoura e destruição
 apenas possuo o corpo magoado destas poucas palavras tristes que te cantam

al berto








quando o mundo pára vejo uma calma e não regresso à terra - é o mar - como ilha vou. estou. em água. e sou da água como um peixe - tenho vontade de mar - subitamente. sou o teu rosto. sossego o tempo na tua boca - e fico. permaneço. e não regresso à terra de homens sem nome. nem morada. nem peito para atirar à bala. nem bala que mate - quero morrer de azul. de água. de frio - sentir a pele tremer e um calafrio no corpo - depois serei mar. azul que mente. e viverei como peixe que conhece a escuridão das águas fundas - do sargaço farei ninho e nos meus braços morrerão pescadores. piratas e homens que ao mar se lançam em suicídio -




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