terça-feira, 11 de fevereiro de 2014







laura makabresku













Corpo corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa

abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado

mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas

levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo


al berto






pouco depois alguém grita - apercebo-me que já cá não estás. nem o teu corpo me visita. que mãos faltam nas minhas. que olhos os meus não olham. que pele não sabe. que vida. que mundo. que - o sentido do mundo é a existência de alguém que amamos - nenhum tempo é nosso. nenhum lugar conhece a nossa história. por não haver já tempo ou história que nos pertençam. e sermos um país que o universo esquece à força do sonho - o que de ti existe é esta memória: teus lábios em carne viva. tua boca à espera. teu rosto pálido e esse corpo. que nenhuma palavra poderia pronunciar sem que perdesse um pouco de beleza - o que te quero dizer. por muito que doa. é o grito - como quem parte para sempre - nenhuma paz existe sem ti. nenhum sinal de vida - nem as nuvens são já capazes de precognizar bom tempo. nem a terra nos constrói já ilhas ou continentes inteiros. nada existe fora sem que eu o sinta. e o teu rosto lateja no meu coração à cabeça - que morte dura a vida. que vida - pouco depois talvez alguém mencione de que matéria se constrói a ausência. com que penas se refazem asas. para que lado do céu hiberna o pássaro -













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