quinta-feira, 11 de dezembro de 2014








elizabeth gadd





















Por um rosto chego ao teu rosto,
noutro corpo sei o teu corpo.
Num autocarro, num café me pergunto
porque não falam o que vai
no seu silêncio aqueles cujo olhar
me fala da solidão.
Esqueço-me de mim. Tão quieto
pensando na sua pouca coragem, a minha
sempre adiada. Por um rosto
chegaria o teu rosto, mesmo de um convite
ousado fugiria, esta mão conhece-te
e desenha no ar o hábito
por que andou antes de saíres
do espaço à sua volta. Estás longe,
só assim podes pedir algumas horas
aos meus dias. Sem fixar a voz
a tua voz é uma corda, a minha
um fio a partir-se.

helder moura pereira








é outra vez dezembro e o teu corpo regressa a mim. tão frio - nunca mais dezembro será alegre. sei-o agora - já lá vão dois pares de anos e o teu nome continua a ouvir-se pela casa - por dor ou respeito ninguém se senta no teu lugar à mesa. nem no canto do sofá. e ninguém abre a gaveta da cómoda. onde guardavas as nossas senhoras e todos os santos - este ano. finalmente. conseguimos fazer o pinheirinho de natal. está no canto da sala. muito iluminado. não te preocupes que também fizemos o presépio - tenho muitas saudades tuas. da cevada quente. do abraço forte. do olhar azul - que a luz te aconchegue e o céu te guarde - costumo pensar que és uma daquelas estrelas que iluminam a quelha quando a noite cai escura na aldeia

















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