segunda-feira, 16 de março de 2015








ezgi polat
























A semana passada pus-me a enlouquecer. Não te disse nada. Primeiro eram as cortinas rasgadas apenas para que entrasse a luz dos candeeiros e o quarto se tornasse uma espécie de câmara de revelação onde algo começava a existir. Não é inquietante? Algo começar a existir. Pela manhã, depois de não ter dormido, sentava-me na escadaria de pedra e acendia um cigarro.
vasco gato










a inquietação dos dias pares - acordar cansada. com o peso do mundo aos ombros e a cabeça latindo como cão sem dono - ao coração reservei dias calmos. certeza de peixes em cardume. beleza de garças. os mais altos voos        - o tempo resolve-se nítido como cataratas. uma luz muito fina até ao osso. um dia construirei paisagens de uma beleza tão pura que cegue homens sem pele. e ninguém poderá dizer que foi inteiramente feliz      - a proximidade de dois corpos mede-se pela certeza da boca: sim. para sempre - mas nunca nos perdêramos tanto como agora - construímos ninhos de medo e terror em primaveras sem sonhos - talvez o meu silêncio se reproduza até à exaustão.












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