sexta-feira, 8 de julho de 2011































sebastião salgado











Mãe: Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

miguel torga







se te perdesses mãe. ao menos que fosses de encontro ao sol. que habitassem os teus braços raios de luz fina e forte. que incendiasse os olhos e ardesse no coração. como palavras que se dizem: mágoa. pânico. regresso - quero regressar com os ventos quentes. de continentes que nunca viste por te terem crescido árvores nos olhos - que no teu rosto nascesse água. crescessem os rios. e a tua pele pálida na contraluz da fotografia mente. como sempre mentiu: quero um futuro nosso - eu quero mãe. quero que encontres a o sol.







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