segunda-feira, 19 de setembro de 2011














philipp bartz








Debaixo do colchão tenho guardado
o coração mais limpo desta terra
como um peixe lavado pela água
da chuva que me alaga interiormente
Acordo cada dia com um corpo
que não aquele com que me deitei
e nunca sei ao certo se sou hoje
o projecto ou memória do que fui
Abraço os braços fortes mas exactos
que à noite me levaram onde estou
e, bebendo café, leio nas folhas
das árvores do parque o tempo que fará
Depois irei ali além das pontes
vender, comprar, trocar, a vida toda acesa;
Mas com cuidado, para não ferir
as minhas mãos astutas de princesa.

antónio franco alexandre







de qualquer forma hei-de morrer - talvez mais tarde assim me recordem os pássaros ou as nuvens que baixas batem em árvores. talvez os poucos amigos que tive. e todos lugares onde estive. ou as águas como cidades brancas. menos tu - que não digas o meu nome quando perguntarem quem era. nem lhes digas quem eu fui. que fui. sou. tanto que eu o sabendo guardava e não to dizia - um dia talvez os peixes saibam de mim. onde fui. quando morri.como. por quem.










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