sábado, 7 de abril de 2012










Wai Lin Tse








Ao nível do mar
como o nome da flor do vinho
murmurado entre relógios de carvão
escrito devagar na cal do silêncio
como o lençol de púrpura
no peito dos amantes
de costas para a morte
ao nível do mar
como um cardume de palavras cintilantes
no horizonte de cinza e de pavor
como um cavalo branco toda a noite
de estrela para estrela
ao nível do mar
como a flor que se abre na boca dos suicidas
um homem
ferido de morte
vai falar

antónio josé forte











nas noites da minha infância faço ninho. como os pássaros regresso com o tempo quente às planícies da ausência onde cresci - são verdes os campos e há um cheiro forte a terra na pele - naquele tempo acreditava nos sonhos. que os havia de realizar a todos. que os meus amigos haviam de me acompanhar pela vida fora. e como um bando de pássaros fugiram. os amigos e os sonhos. hoje nem sei se os tive - naquele tempo sabia de cor o nome dos meses. que em abril era a páscoa e que me davam amêndoas. hoje nem sei se as há - o futuro é esquecer o nome dos meses. da páscoa e das amêndoas. e fazer dias de nada como quem foge à saudade de sonhos que não teve.







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