quarta-feira, 23 de maio de 2012









rebecca rijsdijk 






Que nos adiantam os pianos?
E os clarins marchando na manhã?
Espero o fogo, o fogo sobre nós.
Quem troca seu corpo por um pão?
Pedimos água e nos dão veneno.
  murilo mendes








 nascemos dos pássaros que as árvores abandonaram e ainda assim somos felizes - ontem lembrava-me dos tempos idos da infância e do tio zé descalço a mondar. mondar é um verbo perdido de significado. as minhas crianças não sabem dele - é preciso dizer ao mundo o que o tempo foi. a cara da gente dura de terra - é preciso dizer essas palavras que o tio zé já não diz por ter morrido - perdemos o infinitivo [o que vem do infinito] - sei hoje que pouco há de belo no mundo e que o mundo passa porque o tempo o leva. da vida nunca saberei nada - quando reparei já as árvores tinham partido e os pássaros corriam como loucos à procura de casa.




1 comentário:

  1. Pensamento neutro, livre e cheio de prosa... dá a sensação de infância e de vida adulta... do que ficou por fazer e do que está para vir!!

    Obrigada Mar...

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