quinta-feira, 19 de julho de 2012




laura makabresku








 Um dia, em miúdo, ao fim da tarde, achávamo-nos na quinta e um bando de pássaros levantou voo do castanheiro do poço na direcção da mancha da mata, azulada pelo início da noite. As asas batiam num ruído de folhas agitadas pelo vento, folhas miúdas, fininhas, múltiplas, de dicionário, eu estava de mão dada contigo e pedi-te de repente Explica-me os pássaros.
  antónio lobo antunes





 quase sempre só. nem o corpo o sente quando a vida bate - a história começa onde o fio termina e a vida está por esse fio presa - já tarde lembro o teu rosto e tudo é feito de paz. como nos dias de outono quando me dizias que tudo passa - tudo passa - e eu sorria porque acreditava que passar era uma coisa tão boa quanto ficar. eu que não sabia o significado nem de uma nem de outra - talvez tenhas partido cedo demais para a morte. mas que importa isso. se tudo passa e pouco fica. e o que fica é a memória - com tempo a memória perde-se e o teu rosto só se descobre em fotografias.



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